Durante o processo de admissão no sistema penitenciário do Rio de Janeiro, o cantor Marlon Brendon Coelho Couto Silva, conhecido como Poze do Rodo, declarou vínculo com a facção Comando Vermelho. Ele está preso temporariamente desde a última quinta-feira (29), sob investigação por apologia ao crime e suposto envolvimento com o tráfico de drogas.
Declaração de vínculo e alocação prisional
Todos os detentos que ingressam no sistema prisional fluminense precisam preencher um formulário com dados básicos. Uma das seções, intitulada “ideologia declarada”, serve para indicar o grupo criminoso ao qual o preso afirma pertencer.
A declaração tem caráter administrativo, voltado para a separação entre facções rivais dentro das unidades. Não configura confissão de crime ou associação formal. No caso de Poze, o registro resultou em sua alocação na Penitenciária Serrano Neves, em Bangu 3, que abriga presos ligados ao Comando Vermelho.
Em entrevista anterior ao programa Profissão Repórter, o funkeiro mencionou seu passado nas ruas: “Já troquei tiro, fui baleado e preso também. E eu pensei: vou querer ficar nessa vida aqui ou viver uma vida tranquila? Então, eu foquei em viver uma vida tranquila, batalhei e hoje em dia eu passo isso para a molecada: o crime não leva a lugar nenhum”.
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Críticas da defesa e andamento do caso
A equipe jurídica do cantor divulgou uma nota pública criticando a condução da prisão e o tratamento dado ao caso. Segundo o comunicado, o sistema prisional realiza divisões com base em critérios de segurança interna, o que, para a defesa, não comprova envolvimento formal com facções.
“Esta prática, todavia, em nenhuma hipótese, traz ou poderia trazer qualquer grau de certeza sobre afiliações, associações ou qualquer vínculo do gênero”, afirma a nota.
A defesa também apontou possíveis abusos de autoridade durante a ação da polícia civil, mencionando uso indevido de algemas, apreensões sem respaldo legal e divulgação de informações antes do andamento judicial.
“A preocupação maior é estar diante de uma ação policial completamente espetacularizada… com a realização de coletivas de imprensa e entrevistas sobre dados da investigação que sequer foram revelados no pedido cautelar”, conclui o documento.
Até o momento, o cantor permanece sob prisão temporária. Os advogados ingressaram com pedido de habeas corpus, que aguarda análise judicial. O caso segue em investigação pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.