Fernando Scherer foi o tema de uma entrevista no último domingo (8), quando falou abertamente sobre sua trajetória pessoal e profissional. Conhecido como Xuxa, o ex-nadador brasileiro compartilhou suas experiências com o vício em álcool e a depressão, revelando que não volta a nadar desde que se aposentou, em 2007. A entrevista foi exibida no programa Domingo Espetacular, da Record, em conversa conduzida pela jornalista Carolina Ferraz.
O que aconteceu com Fernando Scherer?
Durante o relato, Scherer revelou que o contato com o álcool começou ainda no início de sua carreira. Segundo ele, o consumo não era motivado pelo prazer da bebida em si, mas sim como uma forma de lidar com dores emocionais. “Não era a bebida pela bebida, pelo prazer de beber, era pelo prazer de não estar em contato com uma dor que eu tinha”, afirmou. O atleta também mencionou que a pressão para alcançar resultados e manter-se no topo contribuiu para o agravamento do quadro.
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Em outro trecho da entrevista, o ex-nadador explicou como a busca constante por desempenho afetava sua saúde mental. Ele relatou que ruídos mentais e fatores externos o impediam de alcançar plena dedicação às competições. “Quando você vai fazer algo que tem muita importância pra você, se você tiver qualquer ruído mental, externo que deixa te atingir, você não vai estar 100% entregue”, declarou. Para ele, a fama repentina, aliada ao sucesso financeiro, gerou um desequilíbrio que o fez perder o rumo por diversas vezes.
O vício do atleta e o afastamento da natação
O afastamento definitivo da natação ocorreu pouco tempo após Fernando reconhecer que o vício havia se tornado uma forma de escape. Ele contou que mesmo após experiências negativas com a bebida, não conseguiu se afastar por completo. “Na primeira vez que tomei um porre, passei mal, não gostei, falei que não ia beber de novo, mas não durou muito tempo. Com o tempo, vai se tornando um vício, uma válvula de escape”, explicou. A dificuldade em lidar com a possibilidade de parar de competir também foi um fator determinante.
O vínculo entre o rendimento nas piscinas e a própria autoestima ficou evidente nos relatos do atleta. Scherer disse que se sentia valorizado apenas quando vencia competições. “Minha questão com a natação, quando eu ganhava, era o momento que me sentia pertencente, valorizado, mais por mim. ‘Agora você vale a pena, agora você vale alguma coisa’”, disse. Por conta disso, ele continuou competindo mesmo quando já desejava se afastar.
Fernando Scherer fala sobre "fazer as pazes" com o esporte
Fernando também falou sobre a reconciliação com o esporte após a aposentadoria. Apesar de não nadar desde 2007, ele afirma ter feito as pazes com a natação. “O mais perto que chego de uma piscina é isso [à beira]. Já me reconciliei com ela, mas ela ali e eu aqui. Ela na dela e eu aqui”, afirmou. Segundo ele, a relação atual com a piscina se restringe a momentos com os netos, sem a necessidade de competir ou treinar.
O relato de Fernando Scherer lança luz sobre a saúde mental de atletas de alto rendimento e os impactos da transição para a vida fora do esporte. O ex-nadador encerrou a entrevista com tom reflexivo, indicando que a superação dessas experiências passou por um processo de autoconhecimento. Seu testemunho amplia o debate sobre os desafios emocionais enfrentados por esportistas após o fim da carreira competitiva.