Vocalista da banda Raimundos, Digão se tornou alvo de críticas após uma postagem feita em sua rede social sobre a morte de Juliana Marins, brasileira de 26 anos que perdeu a vida durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. O episódio, que mobilizou atenção internacional devido à operação de resgate, teve repercussões adicionais após o cantor associar a tragédia à polarização política no Brasil.
Juliana, que estava viajando pela Ásia, caiu em uma vala profunda enquanto fazia uma trilha guiada na região do vulcão indonésio. Inicialmente, circularam informações de que a jovem havia sido socorrida, mas a família desmentiu os relatos. Ela permaneceu desaparecida por quatro dias, até que um drone equipado com sensor térmico identificou seu corpo a cerca de 500 metros do ponto de queda.
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A repercussão nas redes sociais se intensificou quando Digão publicou a imagem de uma mochila da vítima, que trazia um adesivo com a frase "Ele não", ligada ao movimento contrário ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Junto à imagem, o cantor escreveu: “Quando o mundo dá a volta, não adianta chorar e fingir surpresa… #ELESIM mandou o foda-se pra vocês”, o que gerou uma onda de indignação entre os internautas.
Usuários de diferentes perfis criticaram o tom adotado pelo músico, alegando desrespeito com a família da jovem e falta de empatia diante de uma situação de luto. Comentários como “O Digão dos Raimundos é um ser deplorável” e “Não há respeito sequer com a família que está num momento difícil” foram comuns em resposta à publicação, que acabou sendo amplamente compartilhada e debatida.
A família de Juliana confirmou o falecimento da jovem por meio de uma publicação nas redes sociais. Na nota, agradeceram pelas manifestações de apoio recebidas durante os dias de incerteza: “Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido”, diz o comunicado. O processo de resgate foi concluído dois dias após a localização do corpo.
O posicionamento do vocalista, no entanto, não foi acompanhado de qualquer retratação pública até o momento. A assessoria da banda Raimundos também não se manifestou oficialmente. A ausência de posicionamento institucional ampliou ainda mais a discussão nas plataformas digitais, com alguns usuários pedindo boicote à banda.
Juliana Marins tornou-se símbolo de uma tragédia que, além de mobilizar esforços de resgate, passou a ser discutida em um contexto mais amplo sobre empatia, limites do discurso público e instrumentalização de mortes para fins políticos. O episódio envolvendo o vocalista dos Raimundos reacendeu o debate sobre a responsabilidade de figuras públicas diante de acontecimentos sensíveis e do sofrimento alheio.